UNIÃO ARTÍSTICA OPERÁRIA COLINENSE
Não faz muitos dias, conversava, por telefone, com um amigo em Colinas e perguntei-lhe as novidades da terra. Meio triste, ele me falou:
- “Novidade ruim. A chuva derrubou o prédio da União.”
Foi o bastante a informação. Sabia que se tratava do prédio da União Artística Operária Colinense, pois por “União” ou “Sede” ele é conhecido. Imaginei aqueles temporais de minha época de menino, quando o tempo fechava e ficava parecendo noite, com precipitação de chuvas torrenciais, às vezes, por vários dias seguidos. Sei que tais ocorrências não são mais comuns, atualmente, quando temos uma estação chuvosa, - ou um “inverno”, como dizíamos -, tardia e curta.
Muitas lembranças passaram por minha imaginação. Desde a figura do Mestre Atanázio, um dos fundadores, com outros idealistas, da União Artística Operária Picoense, na década de 30, do século passado, com o lema Deus, Pátria e Trabalho, até os desfiles de 7 (sete) de setembro, quando estudava o primário no Grupo Escolar João Pessoa, em que a Escola São José, mantida pela União, seguia nosso educandário pelas ruas da cidade.
Lembrei-me, ainda, dos desfiles de 1º de maio, dia do Trabalho, quando Mestre Atanázio, com seu terno preto, gravata vermelha e um lírio da lapela, conduzia a bandeira brasileira, seguido de operários da cidade. (Na época, dizia-se ‘operários’, e não, ‘trabalhadores’, como se fala hoje!) Nesse dia, com muitos discursos e animação, a noite era encerrada com baile na sede da associação, exatamente aquele prédio que soubera haver sido demolido pela chuva. E conclui, com meus botões: temos que fazer tudo para reconstruir a Sede, com as mesmas características arquitetônicas, pois é uma das construções da cidade que devem ser preservadas.
Chegando, ontem, a minha terra, imediatamente procurei ver as ruínas da sede da União. Felicidade minha, ao verificar que apenas uma parte da fachada havia sido atingida. Felicidade maior, lá chegando, pois o imóvel já está sendo recuperado. E conversando com um trabalhador (ou operário, como se dizia), foi-me dito que a fachada será reconstruída com as mesmas características. Mais que alegria, foi um alívio, pois aquele patrimônio da cultura colinense está sendo reerguido, para que, ali, continue a ser construída a história dos trabalhadores de Colinas.
Muitas cidades são famosas por seus conjuntos arquitetônicos. Conservar as edificações de uma época não é apenas manter o registro do passado, mas contribuir para a história dos povos pela realização de seus contemporâneos. Não preciso falar das pirâmides do Egito, que contam a vida dos faraós. Nem lembrar Lisboa, Madri, Paris ou Santiago, cujos complexos arquitetônicos dão-lhe a áurea de estética e história. Basta que tenhamos São Luís, nossa capital, como exemplo de urbe que tem no seu casario sua maior atração turística. A Praia Grande vale mais que muitas cidades.
Colinas tem muitos prédios que precisam ser preservados para contar a sua história. A sede da União Artística Operária Colinense é um deles. Alegremo-nos com sua restauração.
Por Carlos Augusto Macêdo Couto