A esperança e o medo nas eleições
“A esperança vai vencer o medo”. Esse foi o conceito utilizado na campanha do ex-presidente Lula, quando foi eleito para seu primeiro mandato em 2002. Referia-se às dúvidas lançadas pelos tucanos em trocar o certo pelo duvidoso. Agora é a vez do PT e aliados utilizarem a mesma tática para atingir Marina Silva: e estão conseguindo.
Após oito anos de governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, finalmente parecia chegar a hora de Luis Inácio Lula da Silva chegar à presidência. Após três tentativas (1990, 1994 e 1998), o mais carismático líder das oposições brasileiras tinha uma chance real de ser eleito. Principalmente após um segundo mandato muito ruim de FHC, com apagões elétricos, economia beirando a recessão, baixíssimo crescimento econômico.
Como estratégia de se manter no poder central, o PSDB passou a levantar dúvidas quanto à capacidade de Lula e do PT em governar o país. Com eles o país passou a ter moeda estável, inflação baixa e parecia estar em um caminho seguro, apesar de, paradoxalmente, estar com a economia enfraquecida.
Através da grande imprensa, sempre aliada da elite econômica nacional, levantou-se dúvidas sobre a capacidade intelectual de Lula para o cargo: você vai votar em um analfabeto, comunista para tocar um país tão grande e complexo como o Brasil?
Através do marqueteiro Duda Mendonça o contra-ataque veio rápido: a esperança vai vencer o medo. Esperança de um país melhor, com mais justiça social, economia estável e distribuição das riquezas. Deu tudo certo: Lula foi eleito, reeleito e elegeu sua sucessora Dilma Roussef sem muitos problemas. E tudo caminhava para a reeleição de Dilma quando uma fatalidade colocou Marina Silva no seu calcanhar.
Com o crescimento de Marina Silva, mulher também carismática e com histórico esquerdista, Dilma passou a ter sérios problemas e já perderia as eleições em um eventual segundo turno. E o PT foi pro ataque.
A campanha da situação passou a levantar dúvidas quanto à capacidade de Marina Silva administrar o país: - ela é muito frágil. Passou-se a questionar suas alianças: - ela anda com banqueiros. Sua crença religiosa passou a ser ponto de ataque: - é fundamentalista. E suas oscilações tornaram-se o grande trunfo dos seus adversários: - foi só um pastor reclamar que ela já mudou o plano de governo.
Resultado: após ascensão meteórica começa a queda nas pesquisas. O PT, partido que sempre pregou ser um partido diferente, ético, mostra que é igual aos outros. A história se repete?
Marcos Franco Couto é filho dos colinenses Washington Couto e Maria de Jesus Couto. Formado em Jornalismo pela Ufma, foi diretor de jornalismo da TV Band em Imperatriz e Editor-chefe do jornal Correio de Imperatriz. Hoje trabalha com jornalismo e redação publicitária com ênfase em marketing político.