Política e Universidade
Peço licença aos leitores do portal da TV Consolação para tratar de um assunto que não diz respeito diretamente à nossa antiga Região do Médio Sertão Maranhense. Antiga porque o governo do estado alterou, há alguns anos, a subdivisão regional do Maranhão e o médio sertão soa hoje mais geográfico do que cartográfico.
Quero tratar da relação entre as eleições nas universidades federais e a política partidária, corriqueira, cotidiana. Lembro que a citada região é uma das que têm pior atendimento pelas instituições federais de educação no estado. Sem campus, sem cursos...mas disso trataremos um outro dia.
Estamos no meio da campanha para o processo eleitoral que vai indicar listas tríplices para que a presidente da República escolha os futuros reitor e vice-reitor da UFMA. Eu tenho e defendo um candidato, mas não tratarei dele aqui.
O que me chama a atenção é como se reproduzem, naquele ambiente que deveria ser um centro de excelência, de debate de ideias, de formação social, as mesmas práticas da pior política que existe na sociedade em geral. Conchavos, barganhas, dossiês, picuinhas, acordos vantajosos financeiramente e péssimos institucionalmente, financiamentos mais do que duvidosos de campanhas, divulgação de notícias falsas para atingir adversários acontecem a olhos vistos...e não acaba por aí.
Até um partido político entrou na campanha para garantir o seu naco de poder.
Apesar de não acreditar em partidos políticos o único em que acreditei, que foi o PT, perdeu minha confiança ainda nos primeiros acordos espúrios que fez com os conservadores, muito antes dos mensalões e petrolões – nada tenho contra quem neles acredita, e milita. Eles estão naturalmente dentro das universidades como estão em outros setores da sociedade. E isso não é ilegítimo.
Mas a campanha dentro das universidades deveria prezar pela ética, respeito aos adversários, privilégio ao debate, tudo suprapartidariamente. Mas não é o que acontece. As mesmas práticas que vemos ser combatidas (por poucas pessoas, mas combatidas) nas campanhas eleitorais regulares se reproduzem nas campanhas dentro das universidades, igualando por baixo aquilo que deveria ser o topo da democracia e da participação, pois se tratam de eleições em instituições de ensino.
Assim o Brasil não muda. Assim os políticos danosos se reproduzem, e as suas políticas também. Assim a universidade sofre. Assim ela se enfraquece.
Carlos Agostinho Couto
Jornalista, doutor em Políticas Públicas e professor do
Departamento de Comunicação Social da UFMA